10 hackers famosos e seus feitos
O jornal não achou graça na brincadeira e denunciou Lamo ao FBI. Em 2004, ele se declarou culpado da invasão e de também ter acessado os sistemas do Yahoo, Microsoft e WorldCom, recebendo sentença de seis meses de prisão domiciliar na casa dos pais e mais dois anos de liberdade vigiada.
Seis anos depois, ele se tornou, em junho, um renegado na comunidade hacker. No último dia 8 veio à público que Lamo denunciou ao FBI o soldado Bradley Manning, 22 anos, analista de inteligência do exército americano, como o responsável pelo vazamento de informações confidenciais sobre a Guerra do Iraque, inclusive do polêmico vídeo, divulgado em abril, em que um helicóptero Apache dispara contra civis.
Manning, que aparentemente agiu contra a guerra, procurou Lamo após a publicação, em abril, pela revista Wired, de que o ex-hacker é portador da Síndrome de Asperger, uma forma de autismo, em busca de apoio. Considerava os dois “almas irmãs”, mas Lamo não pensou assim, alegando que com a denúncia salvaria vidas de militares americanos em combate.
Caiu, a partir de então, em desgraça com os ex-fãs. O site sueco Wikileaks, que publica informação confidencial de governos e empresas e pôs na internet o vídeo do ataque de helicóptero, chamou-o de "notório ladrão de informação e manipulador".
Lamo, hoje um consultor de segurança de empresas, também vive a situação inusitada de ser cumprimentado, graças a seu “patriotismo”, por pessoas que antes o criticavam pela vida de hacker.
Com a ajuda de um programa criado por um amigo, ele invadiu os sistemas de lojas como 7-Eleven. Se apoderou de algo como 130 milhões de números de cartões de crédito e dados dos clientes. Os roubos ocorreram entre 2005 e 2007. Os dados eram vendidos na internet. Com os cartões, Gonzalez fazia compras fraudulentas, vendendo os produtos também na web. O esquema é considerado a maior fraude da história.
Ao mesmo tempo era informante do Serviço Secreto dos Estados Unidos. Seu trabalho era justamente combater hackers.
Finalmente descoberto e preso, recebeu sentença este ano. No dia 25 de março, Gonzalez foi condenado a 20 anos de prisão, pena reduzida em cinco anos diante das alegações do hacker de que é viciado em computadores desde a infância, além de ter abusado do álcool e das drogas por vários anos e ter sintomas da Síndrome de Asperger, uma forma de autismo. A pena, contudo, poderá ser aumentada, já que ele enfrenta acusações em mais dois processos.
Uma curiosidade: os US$ 75 mil que Gonzalez recebeu do Serviço Secreto americano por seus serviços são o mesmo valor que gastou apenas em uma festa de aniversário nos “bons” tempos.
Albert Gonzalez trabalhou como informante do Serviço Secreto dos EUA, ironicamente, ajudando a combater hackers.
"Eu não sou um hacker, ou ao menos sou um hacker amável", alegou durante a prisão, argumento que não convenceu as autoridades francesas.
Conhecido como Hacker Croll, François conseguiu uma senha de administrador do Twitter graças a um programa que faz um ataque de força bruta, testando várias senhas de login até uma ser aceita. Assim, conseguiu acesso à conta de Obama, da estrela pop Britney Spears e de serviços como Fox News e Facebook. Informações confidenciais do Twitter, como a estratégia diante da concorrência com o Facebook, foram publicadas em um site de hackers.
A ação de François, confirmada por um dos fundadores do Twitter, Biz Stone, atraiu a atenção do FBI que colaborou com a polícia francesa para sua descoberta e captura, em março.
O jovem, que tem diploma de formação profissional em Eletrônica, se defendeu no julgamento alegando que não destruiu nenhuma informação e que o delito foi uma "ação preventiva para alertar os internautas" sobre a escolha de suas senhas de acesso. Não convenceu o tribunal, que aplicou uma sentença mais rigorosa do que a pedida pelo Ministério Fiscal, de apenas dois meses.
Novato, Hacker Croll conseguiu acesso à conta no Twitter de Barack Obama, Britney Spears e serviços como Fox News.
Em março, Auernheimer, 24 anos, conhecido na comunidade hacker pelos apelidos de "Escher" e "Weev", foi preso após dar um nome falso a policiais em uma ocorrência de estacionamento proibido. Enquanto o caso era investigado, Goatse Security, o grupo de hackers do qual faz parte, repassou a um site as informações obtidas no desbloqueio do iPad, arranhando um pouco a imagem da Apple e da operadora de telecomunicações AT&T no que diz respeito à segurança.
O caso levou o FBI a dar uma busca na residência dele, encontrando cocaína, ecstasy, LSD e vários medicamentos proibidos. Resultado: Auernheimer acabou preso por posse de drogas e agora se encontra em um centro de detenção do Arkansas, deixando uma lição para outros hackers: se for irritar a Apple e o governo americano ao mesmo tempo, é bom tomar cuidado com o que guarda em casa.
Andrew Auernheimer foi preso por posse de drogas, após ter acesso a dados de cem mil usuários incluindo o prefeito de Nova York.
É o caso de um desempregado de 41 anos, cujo nome nunca veio à público, é mantido em sigilo pela polícia - que em janeiro usou seus conhecimentos para uma brincadeira ousada: exibir um filme pornô em vez de anúncios em um telão publicitário no centro da capital russa.
De um computador na cidade de Novorossiysk, no Mar Negro, ele invadiu o sistema do telão, mudando o vídeo a ser exibido. Por 20 minutos as cenas de sexo foram exibidas, provocando um grande engarrafamento no trânsito em Moscou, já que motoristas paravam os carros para ver ou filmar as cenas.
Preso semanas depois, o hacker confessou a brincadeira, dizendo que queria “entreter pessoas”. As autoridades podem ter achado alguma graça, mas, segundo a lei, ele poderá ser condenado a até dois anos de prisão. O incidente provocou discussões sobre a exibição de publicidade em telões de Moscou. Diante da possibilidade de casos semelhantes, a cidade estuda até banir este tipo de publicidade.
Na Rússia, conhecida pela ousadia de seus hackers, alguém exibiu filmes pornôs no lugar dos anúncios em um telão no centro da capital Moscou.
A fama de Mitnick se deve à sua ousadia. Descoberto algumas vezes, não hesitou em continuar suas atividades. Chegou até mesmo a viajar a Israel com um nome falso e viveu na clandestinidade até ser descoberto por outro hacker. Seu confronto com Tsutomu Shimomura, um respeitado especialista do Centro Nacional de Supercomputação em San Diego, é uma verdadeira caçada de gato e rato.
Mitnick acabou descoberto (veja o perfil número 7 para saber como foi) e preso em fevereiro de 1995. Condenado, passou cinco anos na prisão e mesmo libertado, no ano 2000, ainda teve que ficar mais três anos longe de computadores. A partir de 2003, longe das atividades criminosas, passou a trabalhar contra hackers, tornando sistemas inexpugnáveis.
Em janeiro deste ano, no mesmo mês em que completou dez anos longe da prisão, ele esteve em São Paulo e, participando da Campus Party, criticou o atual mundo hacker:
"Hackers, na minha época, eram apenas indivíduos interessados em roubar o fruto proibido. Hoje é tudo sobre dinheiro”.
"Hoje é tudo sobre dinheiro", disse Kevin Mitnick, um ícone hacker, quando esteve no Brasil, no início do ano.
Shimomura, com a reputação abalada pela ousadia do hacker, aceitou o desafio, montando armadilhas para Mitnick em colaboração com o FBI. Primeiro colocou a gravação de seu telefonema na internet, provocando-o. Mitnick ligou novamente para repreendê-lo.
O telefone já era monitorado 24 horas por dia pelo FBI na terceira mensagem do hacker renegado. O FBI rastreou um sinal suspeito em um prédio na cidade de Raleigh, na Carolina do Norte, onde Mitnick foi preso. Diz a lenda que quando se viram frente a frente se cumprimentaram silenciosamente.
Depois da prisão, Shimoura escreveu um livro, Takedown, lançado em 1997, sobre a caçada. Ainda trabalha com segurança de sistemas.
Tsutomu Shimomura, cientista da computação, ajudou o FBI a procurar e capturar Kevin Mitnick e escreveu um livro sobre a caçada.
Então estudante da Universidade de Cornell, filho do ex-cientista da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos Robert Morris, ele alegadamente pretendia ver qual era o verdadeiro tamanho da web de então.
O worm, todavia, se reproduziu descontroladamente afetando o funcionamento de seis mil computadores, equivalentes a 10% da internet na época, até inutilizá-los completamente. Os prejuízos em cada sistema afetado variou entre US$ 20 mil e US$ 500 mil e mostrou o perigo que viriam a ser os vírus na web.
A suposta curiosidade, apenas, de Morris não impediu que fosse a primeira pessoa a ser processada com base na lei de Abuso e Fraude de Computadores dos Estados Unidos. Acabou condenado a três anos de prisão em 1990, mas não cumpriu pena. Em vez disso, pagou multa de US$ 10 mil e prestou 400 horas de serviços comunitários.
Após os problemas com a Justiça, ele passou a se dedicar à vida acadêmica.
Atualmente, aos 44 anos, é professor no Massachusetts Institute of Technology (MIT), a mesma instituição de onde disseminou o worm, consultor de empresas de tecnologia e um dos criadores da linguagem de programação Arc.
Robert Tapan Morris pagou multa de US$ 10 mil e prestou 400 horas de serviço comunitário após criar o primeiro vírus do tipo worm na internet .
Entre outros feitos, reativava números das Páginas Amarelas norte-americanas, mas seu “trabalho” mais reconhecido foi, em 1990, controlar as linhas telefônicas de uma rádio da cidade de Los Angeles e, assim, garantir que seria a 102ª pessoa a ligar e ganhar um Porsche. A fraude foi descoberta e, com o FBI no encalço, “Watchman”, como era conhecido, se tornou um criminoso procurado. Na época, a rede de TV NBC mostrou em um programa sobre crimes não-solucionados, sofrendo um pane nas mesas telefônicas abertas para telefonemas a respeito de pistas. Quem estava por trás da falha? Poulsen.
Em 1991, o hacker finalmente foi preso e condenado, três anos depois, a 51 meses de prisão e indenização de US$ 56 mil por fraudes em computadores, lavagem de dinheiro e obstrução de justiça. Libertado, reinventou-se como jornalista, criando um site, Security Focus News, respeitado na cobertura de tecnologia. Desde 2005 é editor da Wired.
Em outubro de 2006, Poulsen montou uma operação contra pedófilos no MySpace, usando páginas para rastrear quem estava em busca de crianças, levando à prisão um deles, Andrew Lubrano.
A habilidade com linhas telefônicas fez com que Kevn Poulsen fosse o ganhador de um Porsche num concurso. Hoje é editor da prestigiada revista Wired.
Em 2002, o Pentágono admitiu que McKinnon invadiu e danificou 53 computadores do comando das Forças Armadas, do Exército, Força Aérea e Nasa, tendo acesso a informações secretas, tornando inoperante o distrito militar de Washington e causando prejuízos de cerca de US$ 1 milhão. As fotos de supostos OVNIs que obteve foram colocadas na internet anos depois.
Conhecido como “Solo” no mundo hacker, McKinnon, além de não conseguir provar a existência dos discos voadores, acabou indiciado em sete crimes nos Estados Unidos e preso na Grã-Bretanha. Um processo de extradição se arrasta desde 2003. McKinnon nunca negou as acusações de invasão, garantindo apenas que sua intenção não era a espionagem, como alegou o Pentágono. Em 2009, a Corte Suprema da Inglaterra decidiu pela extradição. Se for levado para os Estados Unidos, poderá ser condenado a até 70 anos de prisão.
Atualmente o hacker ainda tenta permanecer na Grã-Bretanha usando como argumento ser portador de autismo e depressão, constatados por uma junta médica. Sua mãe, Janis Sharp, move uma campanha pela permanência do filho. Músicos como Peter Gabriel, Sting, Bob Geldof e o grupo Marillion participaram, em 2008, de um concerto em apoio à campanha.
Gary McKinnon, segundo o Pentágono, invadiu e danificou 53 computadores do comando das Forças Armadas, causando prejuízos em torno de US$ 1 milhão.
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